Vou te bebendo com os olhos
Vou tateando sua narrativa
Por motivos que a vida revelou
Vou dando sentido a achados tortos
Encontrando você em sua tinta
Devorando as lembranças que deixou
E a vontade me adentra até os ossos
Me percorre vadia
Nesse desatino de quem já amou
A pálidez da minha calma que enfeia meu ócio
Vem desse interim, se é, será ou seria
Do colo abrigo, do amor amigo, que não passou
E antes que me torne fóssil
Incrustado no seu passado, sem vida
Ouça do meu amor o clamor
Pois sem você sou foto
Com você sou coração, beijo, saliva
Sem nós, não sou
Sou ser, sem ser
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