21.1.15

Falta

Falta, tem um quê de lembrança, uma fatia de querer e umas duas metades, uma de futuro e outra de passado. Falta, não é uma regra, nem uma imposição, é um caminho que o sentimento encontra por ser livre, para aonde ir. Falta é aquele olhar de cão sem dono, que ao se despedir, corre à porta e olha pra quem quer que seja perdido: "Não é você! Cadê?"; Falta é essa atmosfera de saber onde, quem, quando, tocar isso com os olhos fechados, se sentir imenso e ao abrir, olhar no espelho de si mesmo, falta. Falta não é se saber metade, é saber-se inteiro para alguém, que sendo inteiro também, se oferece para ver que ser, está muito mais ligado à incompletude de ser inteiro, do que ser metade de fato. Falta não é o que ainda virá, é aquilo que previamente sabido, o desejo pede no presente. Falta, está bem mais próximo às palavras que não encontrei para explicarem o seu sentido, que a todas as escolhidas, por uma pequena definição lógica. Tentando lhe dizer a falta que faz, percebo que dizer é encontrar, e a falta que faz, não encontra palavra nenhuma que a defina, ela falta por inteira...

13.1.15

A tristeza tem sempre uma esperança

As pessoas não gostam mais de amor em poesia, preferem aqueles dizeres de um anônimo, como se pudesse contar uma história boa do inicio ao fim, sem falar das partes ruins. Ensaiam a felicidade pelo sorriso, sem saber que atrás de cada sorrir existe uma fatia de lágrimas escorridas e outras secas e outras tantas, bem contidas. Tenho lido tantas fórmulas do amor certeiro e livre, como se o exercício do amar bastasse para acertarmos as contas com nós mesmos, sem termos aprendido antes pelo erro. Embora eu não concorde em nada com a máxima de que é pelo erro que se aprende, pois para mim é pelo erro que se erra e se machuca. A dor nos faz evitá-la, de punhos cerrados ou coração apertado, não importa, e a isso chamamos aprendizado. Aprendiz mesmo, pra mim, é aquele que sabendo que magoar dói por ter visto a mágoa fazer mais uma de tantas de suas vítimas e escolhe por não fazê-lo, ou aquele que aprendendo a gostar de si e investindo em seus sonhos, colha com os frutos de viver o que sonhara. E vale lembrar que gostar de si mesmo requer um exercício diário e longo, afinal é você quem mais lhe causa infortúnios ou males a qualquer outro. Por vezes por dar valor a algo que não merecesse, ou por ter mudado de opinião nos trinta minutos do segundo tempo e querer parar o jogo com o estádio lotado, mesmo sendo o juíz, ou por simplesmente não gostar mais de vestir azul e se deparar com um armário que mais parece o céu e perceber que não tem o que vestir, mesmo com tanta oferta. Dada as proporções das dores que sofremos, de certo mesmo, é que temos que lidar com o que escolhemos e aceitarmos a nossa responsabilidade em nossa busca pelo que nos faz feliz, que a tristeza não é só um antônimo deste estado, como uma companheira incentivadora de nossa busca, é para que não sejamos tristes que buscamos essa tal felicidade, mas não difamaria qualquer tristeza que passei, afinal foram elas que me deram as marcas das minhas gargalhadas, essas que insisti em dar por saber o valor mensurado em cada fatia de seu avesso. Mas como eu ainda sou um desses que gosto de poesia, pra mim meio verso quase basta, "A tristeza tem sempre uma esperança, De um dia não ser mais triste não" (Samba da Benção - Vinicius De Moraes / Baden Powell).