20.3.10

A sós

Na sua própria escravidão
O homem vai pelo seu caminho desenhado
E o destino não é mais que, ao normal, desdenho

Sujeito homem, que se veste de pele
E lá pelas tantas, aponta suas diferenças
Tão iguais, revestindo sempre a pobre caveira

Dos fortes e sábios, a ignorância é um apetite
Soberbos homens primatas
Antes saber não existisse e que fadas são encantadas
E assim, homem, tu tomas as fábulas

O medo, sempre uma grande caixa
E tu e eu, somos por quem senão nós?
O egoísmo engole da dor, cada sinônimo, palavra por palavra
E não reconhece o eu que guarda

Tão distante, da distância da solução
que a vida lhe bomba no peito, lhe infla o balão
Se não fosse, porque um coração?

E o homem que reconheço, se perde pelo medo certo da morte
Covarde que se inflama e se despede do mundo
Pois o tempo que lhe guarda segredos, já fala em razão
Que de certo é a morte
E a sede, o desejo da vida

Viver sem ter ninguém, para não escolher a quem
E ser do mundo, para tomar pela saliva
O gosto da noite e degustar até o dia
Preso no peito, assim, grita
O que ficou de lado, no ser embaraçado

Lá nas ranhuras, do pretérito imperfeito
- Que amar, não é defeito!
E se por um, que invada a todos
Porquê, se lhe veste a veemência
A presença é controversa
No tempo em que gira tudo

Já corroemos o absurdo da clareza
Vivamos a sós, onde só tenhamos nós
Eus tão miseráveis de mins
Como gafanhatos devorando jardins

16.3.10

Se sim...

Qual a loucura do homem que diz não?
Ela seu sonho, esse pensar inato
O convite é para vida, pro amor
E sua rotina esse desbarato, moleque feito de dor

A diferença do encanto
com o chapéu debruçado à porta,
ao quebrar à força o portão,
E quem não vive o disparate acelerado de um coração?
Me diz, a quem não adoça a paixão?

E do beijo que leva, esse sem ter sido dado
Mas devo agora, a um pirata qualquer, umas mil quantias de puro ouro
só por não ter praticado o roubo
Minha tortura navegante, carrega minha boca

Pra qual rumo vai meu entrelaço
Vadio o meu pensar, agora deixa passos na grama
Um jardim qualquer na memória de criança
E o voo do pássaro, sempre será o que fica de mais lindo

Deve ser então, louco aquele que diz sim, não?
Ter sua alma brevemente roubada ali, bem na roda do mundo
ou o desacordo dos braços, numa busca por espaço
Deveras fosse ela mulher, mas sempre despe-se feito paixão
Jardineiro das letras, palavra plantada, virá verbo

Teus olhos não me veem
Mal-falados versos imprórios, censurados pela razão
A tormenta do louco, delírio do são
Podem me falar, que se fosse sim pra sempre
pra sempre, não teria fim