Ele vem cortando o ar, com seu corpo em brasa
Sua rotação, translada em velocidade, vara
Corta vento, verte rubro
Dedo contraído, direcionado ou não, propulsiona
O estrondo, insinua sua força
Tamanha, que a covardia é corrompida
A menina que corre, brinca
Entre bonecas e cinzas de pedra
Garoto briga, corre com arma, atira
Adiante, outro grita...
Há medo, no assovio frio, zumbido
No anúncio da eminente morte, efémera
Pára, tempo, entremeio de agudo à queda
Olharia teus olhos vermelhos se os tivesse!
É fugitivo escravo, à serviço do meio
Congela o mundo, mudo
No seu trajeto, caem corpos
Dois em sintonia, menino e menina
Um pouco dele morre, na morte alheia
E na retomada de tua fúria
Tufão metálico, de aço
Leva da degradação à esperança,
Ao culto coletivo do silêncio atrofiado
Leva ainda, à cabeça as mãos,
Lágrimas a ermos rios, vazios
Que desaguam em vermelho vivo
Onde dorme o tiro
Agora silência, cega,
Rotineira violência que nos apodera
Por acharmos que o medo, à fala cala!
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