16.12.09

Calunia

Eu vou escrevendo os meus borrados
meias verdades, exíladas da memória
sem pretextos, violões artesanais

é vivacidade literária, esse que, à frase dita
da pura verdade anunciada
ainda que a calunia, seja minha visita

a primeira, na manhã que se aproxima.

irá gritar seu nome, com minha ira
enquanto me desprendo da palavra escrita

nem é meu, é dito
verbo engolido, esse Não rebuscado
que me lança à boca, para engolir amargo

enquanto a vida chega de mansinho, tocando cordas de aço
vibrando seu cochicho, enganando o acaso

para encontrar olhares com o sol
suspender as aves, como se fossem papel
virando o girassol
levando as nuvens ao léu

cantando promessas vivas
adormecendo a minha fome, clareando teus olhos
me fiz infame, por sentimentos tortos

esfarelei a melancolia, disfarçando lama, moldando argila
para ver o crepúsculo do meu muro
nas rimas de suas sílabas

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