1.6.15

Seguros, seguimos.

De alguma forma parece que vai passar, parece que vamos amadurecer na manhã do dia seguinte e dar vazão a tudo que sonhamos. Parece que resolveremos nos colocar à luz da maturidade e oportunidade, anunciaremos que o dia chegou e que agora é a hora de assumirmos tudo. Descrito assim, parece que ao ler o coração pega carona na ladeira do entusiasmo e como para descer todo santo ajuda, seguimos sem ter que por a mão na direção, é só deixarmos ir e iremos.

Errado!

Não sairemos daqui, de onde pegamos o trem andando, antes de escolhermos a estação adequada para descermos. Parece que a viagem virou um exílio, não têm passageiros no vagão que entrei. Exilados do amor, nós encontramos uma galeria de prediletos das dores, sem a força e a fé do impulso de tomar a vida pra si.

Seríamos tão mais felizes, dois passos à frente, na chuva mesmo.

- Você já foi feliz na chuva? Eu já!

Quero dizer de quando a felicidade é tamanha, que o frio vira motivo de riso ou desculpa para um abraço mais apertado, não esfria, o molhar da roupa não incomoda, mesmo que ainda lhe falte uma condução até em casa, ou uma caminhada demorada.

Mas se vamos sair daqui? Não, acho que não! Perdemos para a repetição dos dias, perdemos para nós, perdemos para o nosso começo, não era pra ser assim, mas agora que já foi, pode-se somente acomodar-se no que é, pois ser mesmo, não pode.

A gente só está na composição, torcendo pro maquinista não sair em qualquer estação, ou que o destino final, por sorte seja o mesmo de quando embarcamos. Ninguém pensa em descer, por que lá fora faz frio e as estações andam vazias demais, talvez tenhamos que aceitar, que mais cedo ou mais tarde, toque uma espécie de sinal e que saltemos com um adeus perdido em mãos, ou quem sabe, seguiremos aqui, do lado de dentro, nesse trem vazio, acento duro, mas seguros. Seguros! Só ainda não sei bem de que.

Um comentário:

  1. Gostei da sua postagem. Cenas do cotidiano retratadas em poema, com grande significado.

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