Alguns guardados, rascunhos, pedaços... Achados em um ermo porto, do outro lado, lá onde a carne não abriga espaço. Faz-se alma e escreve pela perturbada mente, que mente. Escreve-se aqui, o presente passado. O passado em presente.
24.11.14
Retalhos - Humano - #2
O mais engraçado em ser humano é que as nossas igualdades esbarram em tantas diferenças.
19.11.14
Rotina
Eu ainda passo pela mesma rua, ainda no mesmo horário e esbarro em lembranças vivas. Se é um casal que vejo de mãos dadas, é na imagem deles que beijo o beijo que já não tenho mais. Eu ainda faço o mesmo caminho de dias atrás, como alguém que caminha catando conchas, eu vou colecionando lembranças, um banco de praça, uma faculdade que não fiz, uma rua e um passeio às pressas como sempre, um ponto de ônibus, uma esquina ao lado de casa. E na tentativa vã de não deixar que o passado tomasse sua companhia, guardei-me em algum elo com uma realidade decorada de recordações.
14.11.14
Como estrela
Ela pensa não ser mais vista
Sabe aquele mirante de frente para uma beleza inteira?
Deveria ser criado um só pra ela.
Com fundo de luzes e lua, de sol até estrelas.
Nem ela, observa-se tanto,
Sou um telescópio inteiro apontado para seu ser.
Um louco ao encontrar brilho e cores numa estrela distante.
Onde só resta o observar, a imensidão do céu e o devaneio.
A sós com cada raio de luz que chega,
Pois aqui eles chegam com atraso,
A fonte segue à risca a física
É um ver no presente o passado
Essa minha lente distorcida
Essa minha mente que faz da saudade prisma
Sentado aqui nessa beira de caminho
Recebo cada um dos seus raios
Que ainda escolhem por brilhar na minha vista.
Sabe aquele mirante de frente para uma beleza inteira?
Deveria ser criado um só pra ela.
Com fundo de luzes e lua, de sol até estrelas.
Nem ela, observa-se tanto,
Sou um telescópio inteiro apontado para seu ser.
Um louco ao encontrar brilho e cores numa estrela distante.
Onde só resta o observar, a imensidão do céu e o devaneio.
A sós com cada raio de luz que chega,
Pois aqui eles chegam com atraso,
A fonte segue à risca a física
É um ver no presente o passado
Essa minha lente distorcida
Essa minha mente que faz da saudade prisma
Sentado aqui nessa beira de caminho
Recebo cada um dos seus raios
Que ainda escolhem por brilhar na minha vista.
Retalhos - Nós perdidos - #1
Eu nunca escrevi poesias, sempre liguei pontos no escuro de um papel, para ter no desenho das letras, companhia.
10.11.14
À deriva
O difícil é seduzir o barco à segurança do porto, justo pra quem já se acostumou com as tempestades.
23.10.14
Travessia
faço a travessia em silêncio
um terço é coragem,
outro lábio de harmonia
para falar de saudade
a quem já viveu de espera.
vou fugir da noite
recostar a cabeça no peito de um sorriso
acompanhado de passado
que é pra não acordar
a dor que dorme
na beira do caminho
um terço é coragem,
outro lábio de harmonia
para falar de saudade
a quem já viveu de espera.
vou fugir da noite
recostar a cabeça no peito de um sorriso
acompanhado de passado
que é pra não acordar
a dor que dorme
na beira do caminho
4.9.14
Trovões
Tardes torneadas de tons tristes
Recebo rosas roubadas em resmas de rimas
Lhes digo, durmam durante meu dizer
Pois tardo trovões tirânicos
Como sonhos sonhados sãos
Em plena luz do dia!
Recebo rosas roubadas em resmas de rimas
Lhes digo, durmam durante meu dizer
Pois tardo trovões tirânicos
Como sonhos sonhados sãos
Em plena luz do dia!
25.6.14
Segredo
Ele descobriu um olhar
Ela um menino
Ele sentiu vontade de se aproximar
Ela apenas não quis se esquivar
Ele veio falar dele
Ela tinha o que escutar
Ele encontrou no acaso um espelho
Ela se desencontrou ao se achar
Ele fingiu não ter tanto a dizer
Ela ria das pequenas coincidências
Ele marcado pela vida
Ela a marcar a vida dele
Ele se perdia em conhecê-la
Ela se encontrava por se perder
Ele pele e beijo
Ela tempero e ímpeto
Ele desejoso e arteiro
Ela de vestido e vestida de olhar
Ele inventando meios
Ela dando um jeito de se levar
Ele intensidade
Ela intensa em se entregar
Ele hoje é saudade
Ela um segredo a se guardar
Ela um menino
Ele sentiu vontade de se aproximar
Ela apenas não quis se esquivar
Ele veio falar dele
Ela tinha o que escutar
Ele encontrou no acaso um espelho
Ela se desencontrou ao se achar
Ele fingiu não ter tanto a dizer
Ela ria das pequenas coincidências
Ele marcado pela vida
Ela a marcar a vida dele
Ele se perdia em conhecê-la
Ela se encontrava por se perder
Ele pele e beijo
Ela tempero e ímpeto
Ele desejoso e arteiro
Ela de vestido e vestida de olhar
Ele inventando meios
Ela dando um jeito de se levar
Ele intensidade
Ela intensa em se entregar
Ele hoje é saudade
Ela um segredo a se guardar
17.3.14
Dia de Poesia
A poesia é o meu não entendimento por extenso,
quando da vida, quero um contento
A poesia não é meu recurso, é ela quem me toma e abusa
quando para ela a causa é justa
A poesia não é meu brinquedo, que eu tomo a revelia
e marco no seu olhar a minha visão distorcida
A poesia é que me usa, que a compreensão só me resta
para justificar a loucura de ser tomado por ela
A poesia, é uma razão da vida que a própria vida
não precisa
A poesia é um pôr de sol sem fotografia, sem grafia,
é a abstração do entendimento
uma ideia que a palavra desperta depois de lida
A poesia é o espelho dos sentidos,
sem dar nenhuma forma ao que se revela
quando da vida, quero um contento
A poesia não é meu recurso, é ela quem me toma e abusa
quando para ela a causa é justa
A poesia não é meu brinquedo, que eu tomo a revelia
e marco no seu olhar a minha visão distorcida
A poesia é que me usa, que a compreensão só me resta
para justificar a loucura de ser tomado por ela
A poesia, é uma razão da vida que a própria vida
não precisa
A poesia é um pôr de sol sem fotografia, sem grafia,
é a abstração do entendimento
uma ideia que a palavra desperta depois de lida
A poesia é o espelho dos sentidos,
sem dar nenhuma forma ao que se revela
11.3.14
Acredite
Se eu pudesse lhe sussurrar os meus anseios
Será que teria os meus calafrios?
As promessas que faço são levianas e mornas,
diante do que vejo com os olhos fechados.
Eu poderia lhe dar o mundo, aquele dos sorrisos,
dos crimes justificáveis, dos erros desculpáveis,
do suor das manhãs esgotadas de sol e pele
Eu poderia correr a vida
Com a mão estirada ao seu alcance,
Para que tivessemos o apoio no cansaço
E o abraço na vitória
Eu condenaria a sua dor à solitária,
Anos a fio, mas não impediria que você a visitasse,
Pularia os muros feitos de cada não
Converteria as incertezas, com esse meu otimismo desmedido
Seríamos capazes de tudo, os infinitos recomeços
O reconhecermo-nos a cada intervalo em que mudamos
Sempre com o mesmo entusiasmo
Esse que cria a paisagem da estrada e no fim, um abrigo
Não fosse, por não poder pedir que acredite no que vejo,
não fosse os olhos fechados e o sonho,
não fosse a verdade de que a sorte pode lançar os dados
E posso parar na outra haste de um bilhete deixado sobre a mesa
10.3.14
2:14 - AM
O relógio me agride,
Ele grita,
- Uma hora da manhã!,
num silêncio retumbante, acredite.
Ele estampa na minha cara
E mira o tempo no entendimento
Minha insônia dorme sua madrugada
Enquanto eu a aprecio e acalento,
Ou eu dou voz a todo momento
A um velho amigo que anda trôpego
Batendo meio torpe
Sem fôlego
Me pedindo um pouco mais de tempo?
Sorte tem o homem que a insônia desperta
Acorda e vigia de longe o sono
E ele sem saber, vítima de um adiamento
Sonha sem querer
Que quando acordado
Ela lhe rouba o tempo em pequenos ensaios
Ou lhe toma o futuro inteiro
Com seus presságios
Já não importa tantos anseios
É o nosso estar presente o que damos
Hoje sou eu quem não adormeço
Pois é quando o tempo voa
Que vivo todos os meus intensos!
Ele grita,
- Uma hora da manhã!,
num silêncio retumbante, acredite.
Ele estampa na minha cara
E mira o tempo no entendimento
Minha insônia dorme sua madrugada
Enquanto eu a aprecio e acalento,
Ou eu dou voz a todo momento
A um velho amigo que anda trôpego
Batendo meio torpe
Sem fôlego
Me pedindo um pouco mais de tempo?
Sorte tem o homem que a insônia desperta
Acorda e vigia de longe o sono
E ele sem saber, vítima de um adiamento
Sonha sem querer
Que quando acordado
Ela lhe rouba o tempo em pequenos ensaios
Ou lhe toma o futuro inteiro
Com seus presságios
Já não importa tantos anseios
É o nosso estar presente o que damos
Hoje sou eu quem não adormeço
Pois é quando o tempo voa
Que vivo todos os meus intensos!
6.3.14
...
A gente já não fala mais a mesma língua
Você busca abrigo em antigas marquízes
Eu me escondo numa nova vírgula,
Enquanto a sombra torneia nossos deslizes
Você faz cair folhas passadas
Agitando uma velha árvore
Pintando a minha calçada
Dessa tristeza de mármore
Pouco nos importa, além do que era posse
Sobrou de mim um livro lido
De você, um desejo de sorte
Sabe aquele corte?
Passou, remediei com soro e gaze
Sabe aquela frase, que você gostou?
Eu guardei com tudo que sobrou
O que não passa mesmo é a gramática
Quando eu falo de pronome possessivo
E você usa livre como adjetivo
Nessa nossa errante temática
Vai ver foi sem querer
Que a gente não deixou de gostar
Nos apertamos num encaixe de ter
Para esconder em qualquer lugar o dar
Vai lá e sorri na cara dele a beleza que não soube extrair
Que eu vou ali,
desmedir o beijo que sempre foi seu
Abraça-o tão forte, mas sem mentir
Que eu vou ali,
dar o meu amor como se não tivesse conhecido o seu
A culpa é mesmo do nosso português,
pois o eu não combina com você
Mesmo que você, combine com aquilo que era meu
Você busca abrigo em antigas marquízes
Eu me escondo numa nova vírgula,
Enquanto a sombra torneia nossos deslizes
Você faz cair folhas passadas
Agitando uma velha árvore
Pintando a minha calçada
Dessa tristeza de mármore
Pouco nos importa, além do que era posse
Sobrou de mim um livro lido
De você, um desejo de sorte
Sabe aquele corte?
Passou, remediei com soro e gaze
Sabe aquela frase, que você gostou?
Eu guardei com tudo que sobrou
O que não passa mesmo é a gramática
Quando eu falo de pronome possessivo
E você usa livre como adjetivo
Nessa nossa errante temática
Vai ver foi sem querer
Que a gente não deixou de gostar
Nos apertamos num encaixe de ter
Para esconder em qualquer lugar o dar
Vai lá e sorri na cara dele a beleza que não soube extrair
Que eu vou ali,
desmedir o beijo que sempre foi seu
Abraça-o tão forte, mas sem mentir
Que eu vou ali,
dar o meu amor como se não tivesse conhecido o seu
A culpa é mesmo do nosso português,
pois o eu não combina com você
Mesmo que você, combine com aquilo que era meu
18.2.14
Não
Seu não, tem direção
É aquela placa de atenção,
é a curva no meu caminho
É o abismo no deserto,
É meu destino,
Incerto
Ser for não
É aquela placa de atenção,
é a curva no meu caminho
É o abismo no deserto,
É meu destino,
Incerto
Ser for não
12.2.14
Em um só, tantos de mim
Há algo em mim que desperta
Há algo em mim que silência
Há algo em mim que fere
Há algo em mim ferido
Há, há sim!
Há algo em mim que sorri
Há algo em mim que chora
Há algo em mim tão ambíguo
Que sua existência revela seu inverso
Há em mim algo
Há em mim vazio
Há em mim,
Que ao existir
Não há
por haver tantos,
Em um só,
Tantos de mim
Há algo em mim que silência
Há algo em mim que fere
Há algo em mim ferido
Há, há sim!
Há algo em mim que sorri
Há algo em mim que chora
Há algo em mim tão ambíguo
Que sua existência revela seu inverso
Há em mim algo
Há em mim vazio
Há em mim,
Que ao existir
Não há
por haver tantos,
Em um só,
Tantos de mim
7.2.14
Recomeços
Esbarro nos meus recomeços
Infinitos de mim mesmo
Tardo, confuso, falho
E lá vou eu
Desgarrando de tantos meus
Juntar novos achados
Atar novos laços
Para não ter de recomeçar
Por mais um breve espaço
Infinitos de mim mesmo
Tardo, confuso, falho
E lá vou eu
Desgarrando de tantos meus
Juntar novos achados
Atar novos laços
Para não ter de recomeçar
Por mais um breve espaço
Atração
Imaginando-nos como uma força que move o nosso redor,
modificando-o pelo que se é,
Quando se sai, o meio todo se revela
As aproximações, não reagem por efeito impositivo,
São as mesmas exercendo a mesma foça,
Apenas agora, não sofrem a ação da sua energia
Logo, tudo tende ao que era, como um reagrupamento natural,
mostrando somente o que realmente somos
E aquilo que lhe atrai, lhe revela
modificando-o pelo que se é,
Quando se sai, o meio todo se revela
As aproximações, não reagem por efeito impositivo,
São as mesmas exercendo a mesma foça,
Apenas agora, não sofrem a ação da sua energia
Logo, tudo tende ao que era, como um reagrupamento natural,
mostrando somente o que realmente somos
E aquilo que lhe atrai, lhe revela
Vivos
…Acima de qualquer coisa, supere-se! Supere não somente a isso, mas a escravidão do pensamento que se acostuma com o abater-se, com os nossos pedaços. Una-os, erga-se…
Não é a morte o limite da vida e sim da nossa ignorância. Não é a dor o limite do sentir, e sim o não sentir o limite de sentir dor.
E até que qualquer pior que se imagine chegue, tenha nos dias os apelos da ignorância: viva-os como se tudo fosse saudável, como se não se fosse nunca, como se não sofrera de nada.
E não imagine isso como uma mentira, pois podemos ferir o corpo, agredir o físico, mas jamais fragmentar a alma. E essa alma ainda está ai, tão viva quanto a qualquer um de nós.
Não se prenda ao tempo, ao que dirá qualquer quadro. Faça uso do que puder para amparo, mas não tome tudo como verdade. E viva, viva, viva.
Ao destino, ao que vier a acontecer, dê sua ignorância de todo o coração.
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