17.3.09

Carta pra ninguém

Essa é uma carta para ninguém
... fale mesmo que só tenha a mim para te ouvir,
mesmo que deseje o fim, estarei aqui deste lado,
do seu lado, pensando no novo início.

Vou guardar as minhas forças para superar a sua queda,
mesmo que só me encontre no espelho, no reflexo de uma lágrima.

Talvez perceba que não sou só tua força, mas a tua essência,
ou a essência do teu instinto primitivo de viver,
farei de mim você e quando se calar tomarei teu impulso
e vestirei teu corpo.

Perceberá que sou o seu tempo, seu segredo de si mesmo e
te darei a mão, me darás nomes e ouvirá sempre o seu chamado,
ainda que não me aceite como você.

Não vou me impor, isso me faria sem sentido,
mas tenho vida e isso sustenta-te, revigora teu imo e clareia teu olhar.

Peço-te, somente, confie.

E chegará o dia diferente dos outros,
onde perderá a tua face e serás eu,
mesmo que eu volte a crescer sem você saber.

Sou o seu objetivo abstrato, o foco nem sempre claro,
o grito na garganta contido, sua censura reprimida.

O verbo que percorre o teu espírito é minha forma de chorar,
mas você não vai me escutar, não vai me entender,
vai tentar me educar e acabará por me esconder.

Vou assombrar o seu pensar e quando quiseres me romper,
vou me revelar, vou aparecer e saberás que sou você.

E vamos voltar a acreditar, mesmo que eu volte a crescer sem você saber,
me chame de sua vida, de experiência, do que quiser.

Mesmo que eu prefira ser chamado de você.

3 comentários:

  1. É um texto tão lindo! Adoro!

    Bjs,
    Marcia

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  2. Uau. Esse é o meu primo.

    MARAVIOHOSO !!!!!

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  3. Pra ninguém, será?!

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